Entrevista do Papa Francisco ao Fantástico

Um Papa, mas acima de tudo, uma pessoa linda, serena, brincalhão, disposto, sempre de bom-humor, sincero, humilde e carinhoso. Estou apaixonada pelo Papa Francisco ainda mais depois que assisti à entrevista que ele concedeu ao Fantástico neste domingo, dia 28 de julho. Desde que o pontífice assumiu o papado ele me chamou a atenção. Tem um jeito diferente de olhar a tudo à sua volta. Um jeito lindo e humano. Uma maneira de falar de política de forma tão simples e tão verdadeira... “Como podem os soberanos de uma nação dormirem tranquilos se uma criança passa fome, se uma criança não tem educação, se as pessoas doentes não têm atendimento médico?”, disse o Papa. E não é o que pensamos todos?

papa-francisco-fantasticoNa entrevista, o papa abordou assuntos difíceis, como os escândalos noVaticano e os desafios da Igreja Católica para atrair fiéis. Comentou também a acolhida que teve no Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude, e deu lições de humildade, solidariedade e humanidade.

O Papa

Francisco também explicou a atitude que toma em relação a sua segurança.

“Eu não sinto medo. Sei que ninguém morre de véspera. Quando acontecer, o que Deus permitir, será. Eu não poderia vir ver este povo, que tem um coração tão grande, detrás de  uma caixa de vidro. As duas seguranças (do Vaticano e do Brasil) trabalharam muito bem. Mas ambas sabem que sou um indisciplinado nesse aspecto.”

Leia, a seguir, trechos da entrevista concedida pelo Papa a Gerson Camarotti.

Rivalidade entre Brasil e Argentina

O povo brasileiro tem um grande coração. Quanto à rivalidade, creio que já está totalmente superada. Porque negociamos bem: o Papa é argentino e Deus é brasileiro.”

Pobreza x ostentação


”Penso que temos que dar testemunho de uma certa simplicidade - eu diria, inclusive, de pobreza. O povo sente seu coração magoado quando nós,  as pessoas consagradas, são apegadas a dinheiro.”

Perda de fiéis


Não saberia explicar esse fenômeno. Vou levantar uma hipótese. Pra mim é fundamental a proximidade da Igreja. Porque a Igreja é mãe, e nem você nem eu conhecemos uma mãe por correspondência. A mãe... dá carinho, toca, beija, ama. Quando a Igreja, ocupada com mil coisas, se descuida dessa proximidade, se descuida disso e só se comunica com documentos, é como uma mãe que se comunica com seu filho por carta. Não sei se foi isso o que aconteceu no Brasil. Não sei, mas sei que em alguns lugares da Argentina que conheço isso aconteceu.”

Escândalos no Vaticano

Agora mesmo, temos um escândalo de transferência de 10 ou 20 milhões de dólares de monsenhor. Belo favor faz esse senhor à Igreja, não é? Mas é preciso reconhecer que ele agiu mal, e a Igreja tem que dar a ele a punição que merece, pois agiu mal. No momento do conclave, antes temos o que chamamos congregações gerais - uma semana de reuniões dos cardeais. Naquela ocasião, falamos claramente dos problemas. Falamos de tudo. Porque estávamos sozinhos, e para saber qual era a realidade e traçar o perfil do novo Papa. E dali saíram problemas sérios, derivados em parte de tudo o que vocês conhecem: do Vatileaks e assim por diante. Havia problemas de escândalos. Mas também havia os santos. Esses homens que deram sua vida para trabalhar pela Igreja de maneira silenciosa no Conselho Apostólico.”

Os jovens
Com toda a franqueza lhe digo: não sei bem por que os jovens estão protestando. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto: um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante. O jovem é mais espontâneo, não tem tanta experiência de vida, é verdade. Mas às vezes a experiência nos freia. E ele tem mais energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista. E isso é muito lindo! É preciso ouvir os jovens, dar-lhes lugares para se expressar, e cuidar para que não sejam manipulados.”

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