“Toda correção, com efeito, no momento não parece motivo de alegria, mas de tristeza. ” Hebreus 12:11
A vida machuca. O nosso desejo é amplo, mas a todo momento nos deparamos com limites. Não gostamos deles, mas limites são absolutamente necessários para nos dar parâmetros que nos ajudem a crescer. O importante é aprender a lidar com os limites. Porque, embora possam nos machucar, eles mostram a direção para um crescimento saudável.
Os limites são uma maneira de dizer “sim” e “não” ao mesmo tempo. Na infância, você teve de aprender onde terminavam os seus direitos e começavam os dos outros. Entender o significado do “não” ajudou-o a perceber que o mundo não girava em torno de você e que era fundamental conhecer os limites para construir uma vida feliz.
Dizer “não” para algumas coisas permite que digamos “sim” para outras.
São nossas escolhas: para ganhar alguma coisa, precisamos perder outra. Podemos até não gostar, mas ter limites estabelecidos e defini-los para aqueles que nos cercam é altamente positivo.
E fundamental conhecer seus próprios limites para construir uma vida feliz.
Minha mulher, Bárbara, e eu pensamos muito antes de escolher o jardim-de-infância para onde iriamos enviar nosso filho Brendan.
Queríamos um lugar onde ele pudesse se desenvolver em termos acadêmicos, porém, mais importante do que isso, queríamos que ele se tornasse um homem de caráter. Seu desenvolvimento espiritual e emocional era tão essencial quanto seu desempenho acadêmico.
Encontramos uma escola maravilhosa, com professores atenciosos, programas dinâmicos e ênfase no desenvolvimento espiritual e emocional dos alunos. Ficamos radiantes.
Brendan fez logo vários amigos. Em pouco tempo já era o melhor amigo de David, provavelmente a criança mais brilhante da turma e um líder natural. David era autoritário, conhecia as regras de todas as brincadeiras (ou as criava se não conhecesse) e se colocava como o principal responsável por tudo. Brendan adorava David. Aos poucos uma hierarquia foi se estabelecendo.
As crianças menos extrovertidas por vezes não eram chamadas a opinar, enquanto que as mais autoritárias (como David e Brendan) participavam de todas as tomadas de decisão. E havia um menino em particular, Robert, que às vezes era excluído dos jogos.
Bárbara logo notou o que estava acontecendo e procurou a mãe de David para falar de suas preocupações e descobrir o que poderia ser feito, sobretudo em relação a Robert. Para surpresa de minha mulher, a mãe de David não via problema algum no comportamento do filho. Disse que ele era um líder natural e que não ia fazer nada para conter sua forma de agir. Achava que as crianças deveriam resolver seus problemas sem a interferência dos pais e, se as outras não conseguiam fazer frente a David, deveriam aprender a se defender melhor.
Bárbara discordava. Todos os dias, ao levar Brendan para a escola, ela conversava com ele, procurando incutir em nosso filho o respeito pelos colegas mais tímidos, mostrando-lhe o sofrimento de se sentir excluído e
mesmo agredido.
Após alguns “castigos” e privilégios perdidos, Brendan começou a respeitar mais as outras crianças. Ele não gostava muito, mas, através da disciplina, aprendeu a lidar melhor com os colegas.
Um dia, ao chegar a escola, Brendan correu todo entusiasmado até David para cumprimentar seu melhor amigo.
- Brendan! - falou David inocentemente. - Adivinha...
- O quê? - Brendan perguntou, esperando ansiosamente o começo da brincadeira seguinte.
- Eu decidi que todo mundo vai odiar o Robert - respondeu David.
- O quê? - se espantou Brendan.
- É isso mesmo - continuou David. - Eu não gosto dele, e todos os outros disseram que não vão mais ser amigos dele.
Nosso filho parou um instante, olhou bem nos olhos do amigo, e disse com toda a firmeza de que um menino de 6 anos era capaz: “Não.”
Meio chocado, David encarou Brendan.
- Não - repetiu Brendan. - Isso não é legal. Se você não é mais amigo do Robert, então não sou mais seu melhor amigo. - E simplesmente virou as costas e correu para se juntar as outras crianças que estavam brincando por perto.
Em pouco tempo as coisas pioraram, não para Robert, mas para David. Ele começou a ter problemas de disciplina na sala de aula, as outras crianças pararam de segui-lo nas brincadeiras e várias mães procuraram a mãe de David para falar do mau comportamento do menino. Por fim, ela resolveu mudar seu modo de educar o filho.
Recusar-se a estabelecer limites para o mau comportamento de David não o ajudava a se desenvolver adequadamente. Definir limites não apenas contribuía para que ele prejudicasse menos os outros, como também o ajudava a parar de prejudicar a si mesmo, pois começava a ser rejeitado como um tirano.
Não estou dizendo que Brendan se transformou por causa da aplicação de uns castigos e da perda de alguns privilégios. Barbara e eu
gastamos muito tempo e energia estabelecendo limites para ele durante anos. E ainda que fosse quase sempre difícil para ele (e para nós), valeu a pena. Talvez nosso filho tenha deixado de se divertir por não fazer todas as coisas do seu jeito, mas em compensação foi desenvolvendo o caráter. Acreditamos que qualquer desconforto causado pelo estabelecimento de limites foi muito menor do que o sofrimento que teria na vida se não houvesse esses limites. Deus nos disse que
“toda correção, com efeito, no momento não parece motivo de alegria, mas de tristeza. Depois, no entanto, produz naqueles que foram exercitados um fruto de paz e de justiça”.
(Fonte: Como Deus cura a Dor - Mark W. Baker)
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